PET Biologia UFV

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Programa de Educação Tutorial - Biologia UFV

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Seminário: "Ansiedade, entenda e se cuide!"

Petiano: Anderson Antônio Silva


    Hoje em dia quando escutamos falar em ansiedade, sempre vem em mente algo ruim. Mas apesar de desagradável essa emoção é natural e importante para nós, e só causa prejuízos quando acontece de forma intensa e prolongada.

O que é a ansiedade?

    A ansiedade é uma resposta a estímulos externos que são percebidos pelo indivíduo como ameaça ou perigo.
    Essa emoção então é o resultado da preparação do seu corpo para lidar com essa “ameaça”, e pode ser percebida através de sentimentos de tensão e mudanças físicas.


Medo x Ansiedade

    A definição da ansiedade pode parecer com a do medo, mas apesar de haver semelhanças, essas duas emoções são diferentes.
    O medo se refere a alterações fisiológicas diante estímulos concretos e imediatos.
    Já a ansiedade se refere a alterações fisiológicas que acontecem quando suspeitamos que algo pode se tornar um perigo, ou seja, uma preocupação antecipada.


O que faz a ansiedade acontecer?

    O sistema nervoso autônomo (SNA) é o conjunto de fibras nervosas que controlam atividades inconscientes do nosso corpo, e esse é dividido em parassimpático e simpático. O nosso corpo varia seu estado de tensão de acordo com o funcionamento desses dois.

 

SNA Parassimpático

    Quando estamos calmos o nosso sistema respiratório e circulatório estão em ritmo mais lento, ao contrário do sistema digestório e excretor que estão em maior atividade, e isso acontece quando o SNA parassimpático está ativo. Assim além de não haver muito gasto de energia, conseguimos armazená-la para momentos necessários.

SNA simpático

Quando somos expostos à algum perigo ou quando achamos que estamos, a energia armazenada está na hora de ser usada. Isso é controlado pelo SNA simpático, que é o responsável por alterações fisiológicas que contribuem quando estamos em apuros.

O que acontece?

    Quando o SNA simpático está ativado, ocorre principalmente a liberação do hormônio adrenalina, que permite que o corpo trabalhe mais rápido devido ao aumento dos batimentos cardíacos e dilatação do pulmão, e consequentemente o aumento da oxigenação dos tecidos. Ao contrário os rins e o intestino ficam com menor atividade, e por isso em momentos de tensão geralmente não temos vontade de ir ao banheiro.

    Além disso há o aumento da pupila (melhor captação de luz), os neurônios ficam mais sensíveis (raciocínio e sentidos mais aguçados), os vasos sanguíneos se contraem (o sangue é direcionado para os músculos) e há eliminação de suor (mecanismo de refrigeração do corpo).


    Agora, sabendo que essa emoção é uma adaptação evolutiva importante para a nossa sobrevivência, será abordado daqui pra frente como a ansiedade pode ser prejudicial.

Ansiedade patológica

    Apesar da ansiedade ser importante, ela pode se tornar patológica e causar prejuízos no dia a dia das pessoas. Isso quando as respostas a determinados estímulos são desproporcionais e acontecem de forma exagerada e prolongada, ocasionando assim os transtornos de ansiedade.


O que causa a ansiedade patológica?

Os transtornos de ansiedade geralmente possuem causas multifatoriais, ou seja, a soma de diferentes fatores é responsável pelo desenvolvimento da doença. Entre eles fatores relacionados com o histórico de vida do indivíduo (principalmente na infância), fatores ambientais e biológicos.

História de vida

Algumas experiências negativas podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade.

Uma criança que sofre bullying por colegas de classe pode associar o local com essa experiência negativa, e passar a não querer ir pra escola.

Essa preocupação pode permanecer durante todos os anos escolares, até mesmo com transição de escola, e caso ela passe por situações semelhantes, o nível de ansiedade pode aumentar cada vez mais.

Fatores ambientais

O ambiente também pode contribuir para a origem de transtornos ansiosos. Por exemplo, pessoas que trabalham em locais perigosos, ou em trabalhos com sobrecarga de atividades, podem vir a adquirir algum transtorno de ansiedade.

Outro fator ambiental que pode contribuir com a ansiedade patológica é o uso excessivo de redes sociais.

Fatores biológicos

Fatores biológicos como a genética ou a estrutura cerebral também pode contribuir para o desenvolvimento dos transtornos. Por exemplo, há estudos que demonstram que indivíduos com mutação no gene que regula o neurotransmissor dopamina apresentam uma resposta exagerada a estímulos negativos. Com isso, fatores genéticos explicam por que as pessoas podem ter respostas muito diferentes a traumas semelhantes. 

    Já foi abordado até aqui, o que é a ansiedade, a sua importância e como ela pode se tornar patológica. A partir de agora será apresentado os diferentes tipos de transtornos de ansiedade.

Transtornos de ansiedade

    Os transtornos ansiosos são os mais frequentes entre as doenças psíquicas, tanto em adultos quanto em crianças e são divididas em 7 tipos de transtornos diferentes.

     Transtorno de ansiedade generalizada;

     Transtorno de ansiedade de separação;

     Transtorno de ansiedade Social;

     Fobias específicas;

     Transtorno de pânico;

     Mutismo seletivo;

     Agorafobia;

 


Transtorno de ansiedade generalizada

    O transtorno de ansiedade generalizada está relacionada com a preocupação excessiva e constante. Essas preocupações se estendem a diferentes assuntos, como dinheiro, saúde, trabalho entre outros. A falha na tentativa de controlar essas preocupações podem gerar inquietação, dificuldade em dormir, falta de concentração, e imcapacitar o indivíduo a realizar  atividades cotidianas.

Transtorno de ansiedade de separação

    A ansiedade de separação é uma reação emocional consequente do afastamento de casa ou de pessoas próximas. Essa emoção é frequente na vida de crianças pequenas, quando essas não estão na presença dos cuidadores, e se configura como transtorno quando ocorre de forma desproporcional e passa a interferir negativamente na vida diária do indivíduo.


Transtorno de ansiedade social

    O transtorno de ansiedade social é uma reação emocional exagerada relacionada ao contato do indivíduo com pessoas desconhecidas. Crianças de 2 a 5 anos tendem a ter naturalmente o desconforto com pessoas não familiares, mas se isso persistir ao decorrer dos anos e interferir na vida social do indivíduo esse desconforto passa a ser patológico. 

    Esse transtorno também está relacionado com o medo exagerado de falar em público.


Fobias específicas

    Esse transtorno ansioso se refere ao medo extremo de algum estímulo específico, como objeto, animal ou situação. Esse transtorno é desenvolvido quando o cérebro associa esses fatores a sentimentos ruins, e passa a reagir a esses estímulos de forma desproporcional.

    A recorrência de situações desagradáveis aumenta a chance de originar uma fobia. 


Transtorno de pânico

    O ataque de pânico é uma condição na qual uma pessoa imagina que algo muito ruim está acontecendo. Nessa condição a pessoa geralmente tem falta de ar, taquicardia, formigamento, entre outras sensações, e pode imaginar que vai desmaiar ou que está morrendo. O transtorno de pânico é quando esses ataques ocorrem repentinamente e com frequência. Além disso a pessoa pode começar a se preocupar com a ocorrência desses ataques em diferentes momentos, e isso é um dos fatores que podem desencadear um novo ataque.


Mutismo seletivo

    Esse é um transtorno de ansiedade raro, e ocorre geralmente em crianças a partir dos 3 anos de idade. Crianças com esse transtorno apesar de terem a capacidade de se comunicarem se recusam em falar em determinados momentos ou com determinadas pessoas. A causa pode estar relacionada com algun trauma vivenciado pela criança, podendo ser ele psicológico ou físico.

Agorafobia

    A agorafobia é um transtorno que está relacionado com a preocupação que uma pessoa tem de passar mal em situações em que a ajuda não seja possível. Uma pessoa com esse transtorno geralmente apresentam medos como: Ficar sozinho, sair de casa, lugares públicos,  multidões, utilizar meios de transporte, lugares que sejam difíceis de sair.

    O maior problema dos transtornos de ansiedade não é a falta de tratamento, mas sim a falta de informação para identificação dos mesmos.
    É importante ficar atento sempre que tiver algo afetando negativamente o nosso dia a dia, e quando preciso, procurar a ajuda de um profissional.



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