O que
é?
O alto índice de mortalidade se deve a precariedade das condições de
captura e transporte das espécies. Muitos animais se ferem ao tentar fugir,
sofrem com estresse emocional, ou simplesmente são descartados, caso apresentam
algum tipo de problema na aparência, como a pele.
É comum o uso de substâncias entorpecentes e até mesmo vodka, para os
animais não fazerem barulho durante o transporte. Assim, por vezes, o tráfico
passa despercebido. Em gaiolas pequenas, muitos animais são aglomerados, sem ter espaço para sequer se
mexer.
Alguns dados
Cerca de 1/5 das espécies são alvos do tráfico de
animais, muitas delas com status grave de ameaça de extinção, o que as torna
também mais desejadas e, assim, mais caras.
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), aproximadamente 90% dos animais
silvestres morrem após serem retirados do seu habitat natural. Os animais que
apresentam comportamento amigável tendem a ser os mais escolhidos como pets.
Quais
são os animais traficados
Os
animais mais traficados são micos, papagaios, araras e peixes ornamentais,
tendo o preço variando de acordo com a raridade do animal. As aves são os
animais mais numerosos encontrados no mercado negro da América Latina. No
Brasil, cerca de 80% dos animais traficados são aves.
Os
psitaciformes (papagaios e araras) são os mais procurados, devido à plumagem
colorida. Os passeriformes (pássaros empoleirados) são escolhidos pelo seu
canto exótico. Além disso, há ainda o comércio apenas pelas penas das aves,
para a adição a coleções.
Os
animais marinhos também não ficam de fora do tráfico. Todos os anos, 73 milhões
de tubarões morrem para abastecerem o mercado global de sopa de barbatana de
tubarão, uma iguaria servida nos banquetes de casamento da China.
Os pepinos-do-mar, encontrados na costa da
América Latina, também são consumidos como iguarias na China. Os cetáceos, como
as orcas, são muito cobiçados para a inclusão em parques temáticos, onde esses
animais sem espaço muitas vezes caem em depressão e adoecem.
Âmbito
internacional
Nos Estados Unidos, o
comércio de peixes tropicais movimenta, pelo menos, 215 milhões de dólares por
ano. O País importa mais de 125 milhões de peixes ornamentais por ano, tendo
até um programa chamado “Com Água até o Pescoço”, onde é realizado um aquarismo
nas residências de pessoas de alto poder aquisitivo. Em todos os episódios, os
protagonistas vão a mercados grandes de peixes tropicais e selecionam animais
para os aquários produzidos por eles. O programa vai ao ar desde 2011 e tem 14 temporadas.
Caso recente
Recentemente um traficante
de animais no Brasil foi picado por uma cobra naja (uma espécie não encontrada
no Brasil, ou seja, fruto de um tráfico). O acidente o levou ao coma por alguns
dias e revelou um esquema de
tráfico de animais na região de Brasília. Estudante de Medicina Veterinária, o
jovem se gabava de cobras exóticas nas redes sociais, mas o que muitos não
sabiam é que ele era um dos organizadores do tráfico de animais da região. Ele possuía 16 cobras, dentre outros animais,
além de não ter nenhuma autorização do IBAMA para a posse dos mesmos.
A cobra naja do acidente
foi encontrada em uma caixa
próxima a um shopping, e é assim que muitas transações desses animais ocorrem:
deixando-os em locais combinados, geralmente através das redes sociais. Nos
últimos anos o tráfico de animais foi bastante facilitado graças ao advento das redes sociais, principalmente do Facebook.
Como ocorre o tráfico atualmente
É muito comum e fácil encontrar no Facebook, grupos e páginas que
realizam o comércio de animais ilegais. Em 2015, segundo o IBAMA, 95% das
denúncias de crimes ambientais estavam relacionadas à rede. Infelizmente a rede
social ignora o pedido do IBAMA contra o tráfico de animais silvestres,
alegando que a intervenção poderia ferir a privacidade de usuários da rede. O
que resta a se fazer é denunciar as páginas pela própria rede e esperar que as
punições sejam aplicadas.
Dentre os principais países exportadores,
encontram-se os da América do Sul, Indonésia, África do Sul, Tanzânia, Kenya,
Senegal, Madagascar, Índia, Malásia, China e Rússia.
Os principais compradores são Estados Unidos, Alemanha,
Bélgica, França, Inglaterra, Suíça, Grécia, Bulgária, Arábia Saudita e Japão.
O
contrabando ocorre geralmente por vias terrestres, sendo, principalmente, por
bagagens de mão, carros, containers e até mesmo pelos correios. É muito comum o
envio de pequenos vertebrados, como lagartos e cobras através dos correios, com
isso, esses animais chegam a serem transportados por dias dentro de pequenas
caixas, de um lado do mundo para outro.
Consequências
Quando
os animais são comercializados ilegalmente, não passam por controle sanitário,
podendo transmitir doenças graves, desconhecidas, para as criações domésticas e
para o homem, acarretando sérias consequências sanitárias para o país
importador.
O
comércio ilegal de animais silvestres pode ser economicamente devastador.
Movimenta uma quantia incalculável na economia ilegal do país, sem deixar
parcela alguma para os cofres públicos.
A ação antrópica tem acelerado o processo de extinção levando as
espécies ao extermínio. Após a perda do habitat, a principal ameaça à fauna
silvestre é a caça.
Se o nível de exploração exceder à capacidade natural de reposição das
populações selvagens, estas tendem a desaparecer ao longo dos tempos.
Como acabar
Para acabar com o tráfico de animais é preciso da opinião pública, da vontade
política, da informação sobre os dados do tráfico e investimentos em ações dos
órgãos fiscalizadores. Além disso, sempre que souber da posse de animais
ilegais ou transações,deve ser realizada a denúncia. Toda ajuda conta.
Além do investimento e capacitação de órgãos federais como o IBAMA, o
fortalecimento de Organizações Não Governamentais também é muito válido no
combate ao tráfico. O Renctas é uma organização brasileira que luta pelo fim do
tráfico, e o Greenpeace uma das organizações mundiais mais famosas na luta pela
biodiversidade.
Principais referências
CARVALHO DE SOUZA, LUCIANA. DIAGNÓSTICO DO ATUAL STATUS DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL. Orientador: SHEILA MARINO SIMÃO. 2007. Monografia (Graduanda de Engenharia Florestal) - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO, [S. l.], 2007
LARA MESQUITA, João. Tráfico de animais silvestres, e as redes sociais. In: LARA MESQUITA, João. Tráfico de animais silvestres, e as redes sociais. Estadão, 28 jul. 2020. Disponível em: https://marsemfim.com.br/trafico-de-animais-silvestres-assunto-esquecido/. Acesso em: 17 ago. 2020
AMBIENTEBRASIL: Tráfico de Animais Silvestres. Renctas, 27 set. 2019. Disponível em: http://www.renctas.org.br/ambientebrasil-trafico-de-animais-silvestres/. Acesso em: 17 ago. 2020.
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