PET Biologia UFV

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Programa de Educação Tutorial - Biologia UFV

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Seminário: O tráfico de animais

Por Djalma Aguiar Luna 




O que é?

        É o ato de retirar animais silvestres de seu habitat natural, através da caça ilegal, e utilizá-los como mercadoria em comércios ilegais. É a terceira atividade clandestina que gera mais dinheiro no mundo, gerando cerca de 20 bilhões de dólares por ano.

  Esses animais traficados são vendidos para zoológicos (particulares), colecionadores, laboratórios de medicamentos, ou simplesmente mortos para seus corpos servirem como “troféus” pelos compradores.

O Brasil como alvo do tráfico

    Os países com maior biodiversidade tendem a serem os maiores alvos dessa prática, sendo a ampla fauna brasileira uma das principais vítimas. Segundo o Relatório Nacional sobre o Tráfico de Animais, cerca de 35 milhões de animais são retirados do Brasil por ano.

A crueldade e a mortalidade



    O alto índice de mortalidade se deve a precariedade das condições de captura e transporte das espécies. Muitos animais se ferem ao tentar fugir, sofrem com estresse emocional, ou simplesmente são descartados, caso apresentam algum tipo de problema na aparência, como a pele.

    É comum o uso de substâncias entorpecentes e até mesmo vodka, para os animais não fazerem barulho durante o transporte. Assim, por vezes, o tráfico passa despercebido. Em gaiolas pequenas, muitos animais são aglomerados, sem ter espaço para sequer se mexer.

Alguns dados

    Cerca de 1/5 das espécies são alvos do tráfico de animais, muitas delas com status grave de ameaça de extinção, o que as torna também mais desejadas e, assim, mais caras.

    Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), aproximadamente 90% dos animais silvestres morrem após serem retirados do seu habitat natural. Os animais que apresentam comportamento amigável tendem a ser os mais escolhidos como pets.

Quais são os animais traficados

    Os animais mais traficados são micos, papagaios, araras e peixes ornamentais, tendo o preço variando de acordo com a raridade do animal. As aves são os animais mais numerosos encontrados no mercado negro da América Latina. No Brasil, cerca de 80% dos animais traficados são aves.



     Os psitaciformes (papagaios e araras) são os mais procurados, devido à plumagem colorida. Os passeriformes (pássaros empoleirados) são escolhidos pelo seu canto exótico. Além disso, há ainda o comércio apenas pelas penas das aves, para a adição a coleções.

    Os animais marinhos também não ficam de fora do tráfico. Todos os anos, 73 milhões de tubarões morrem para abastecerem o mercado global de sopa de barbatana de tubarão, uma iguaria servida nos banquetes de casamento da China.

     Os pepinos-do-mar, encontrados na costa da América Latina, também são consumidos como iguarias na China. Os cetáceos, como as orcas, são muito cobiçados para a inclusão em parques temáticos, onde esses animais sem espaço muitas vezes caem em depressão e adoecem.

Âmbito internacional

    Nos Estados Unidos, o comércio de peixes tropicais movimenta, pelo menos, 215 milhões de dólares por ano. O País importa mais de 125 milhões de peixes ornamentais por ano, tendo até um programa chamado “Com Água até o Pescoço”, onde é realizado um aquarismo nas residências de pessoas de alto poder aquisitivo. Em todos os episódios, os protagonistas vão a mercados grandes de peixes tropicais e selecionam animais para os aquários produzidos por eles. O programa vai ao ar desde 2011 e tem 14 temporadas.

Caso recente

    Recentemente um traficante de animais no Brasil foi picado por uma cobra naja (uma espécie não encontrada no Brasil, ou seja, fruto de um tráfico). O acidente o levou ao coma por alguns dias e revelou um esquema de tráfico de animais na região de Brasília. Estudante de Medicina Veterinária, o jovem se gabava de cobras exóticas nas redes sociais, mas o que muitos não sabiam é que ele era um dos organizadores do tráfico de animais da região. Ele possuía 16 cobras, dentre outros animais, além de não ter nenhuma autorização do IBAMA para a posse dos mesmos.

    A cobra naja do acidente foi encontrada em uma caixa próxima a um shopping, e é assim que muitas transações desses animais ocorrem: deixando-os em locais combinados, geralmente através das redes sociais. Nos últimos anos o tráfico de animais foi bastante facilitado graças ao advento das redes sociais, principalmente do Facebook.

Como ocorre o tráfico atualmente

    É muito comum e fácil encontrar no Facebook, grupos e páginas que realizam o comércio de animais ilegais. Em 2015, segundo o IBAMA, 95% das denúncias de crimes ambientais estavam relacionadas à rede. Infelizmente a rede social ignora o pedido do IBAMA contra o tráfico de animais silvestres, alegando que a intervenção poderia ferir a privacidade de usuários da rede. O que resta a se fazer é denunciar as páginas pela própria rede e esperar que as punições sejam aplicadas.

De onde e para onde vão os animais


    Dentre os principais países exportadores, encontram-se os da América do Sul, Indonésia, África do Sul, Tanzânia, Kenya, Senegal, Madagascar, Índia, Malásia, China e Rússia.

    Os principais compradores são Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra, Suíça, Grécia, Bulgária, Arábia Saudita e Japão.

    O contrabando ocorre geralmente por vias terrestres, sendo, principalmente, por bagagens de mão, carros, containers e até mesmo pelos correios. É muito comum o envio de pequenos vertebrados, como lagartos e cobras através dos correios, com isso, esses animais chegam a serem transportados por dias dentro de pequenas caixas, de um lado do mundo para outro.

Consequências

    Quando os animais são comercializados ilegalmente, não passam por controle sanitário, podendo transmitir doenças graves, desconhecidas, para as criações domésticas e para o homem, acarretando sérias consequências sanitárias para o país importador.

    O comércio ilegal de animais silvestres pode ser economicamente devastador. Movimenta uma quantia incalculável na economia ilegal do país, sem deixar parcela alguma para os cofres públicos.

    A ação antrópica tem acelerado o processo de extinção levando as espécies ao extermínio. Após a perda do habitat, a principal ameaça à fauna silvestre é a caça.

    Se o nível de exploração exceder à capacidade natural de reposição das populações selvagens, estas tendem a desaparecer ao longo dos tempos.

Como acabar

    Para acabar com o tráfico de animais é preciso da opinião pública, da vontade política, da informação sobre os dados do tráfico e investimentos em ações dos órgãos fiscalizadores. Além disso, sempre que souber da posse de animais ilegais ou transações,deve ser realizada a denúncia. Toda ajuda conta.

    Além do investimento e capacitação de órgãos federais como o IBAMA, o fortalecimento de Organizações Não Governamentais também é muito válido no combate ao tráfico. O Renctas é uma organização brasileira que luta pelo fim do tráfico, e o Greenpeace uma das organizações mundiais mais famosas na luta pela biodiversidade.

Principais referências

  • CARVALHO DE SOUZA, LUCIANA. DIAGNÓSTICO DO ATUAL STATUS DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL. Orientador: SHEILA MARINO SIMÃO. 2007. Monografia (Graduanda de Engenharia Florestal) - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO, [S. l.], 2007

  • LARA MESQUITA, João. Tráfico de animais silvestres, e as redes sociais. In: LARA MESQUITA, João. Tráfico de animais silvestres, e as redes sociais. Estadão, 28 jul. 2020. Disponível em: https://marsemfim.com.br/trafico-de-animais-silvestres-assunto-esquecido/. Acesso em: 17 ago. 2020

  • AMBIENTEBRASIL: Tráfico de Animais Silvestres. Renctas, 27 set. 2019. Disponível em: http://www.renctas.org.br/ambientebrasil-trafico-de-animais-silvestres/. Acesso em: 17 ago. 2020.





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