PET Biologia UFV

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Programa de Educação Tutorial - Biologia UFV

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Seminário: A importância do Enriquecimento para o bem-estar animal

 Por Helena Martiniano Almeida

    “Bem-estar animal” é uma ciência interdisciplinar que diz respeito ao estado físico, fisiológico e psicológico de um animal.
    O conceito de bem estar animal foi citado pela primeira vez no comitê de Brambell, em 1965, liderado pelo professor Roger Brambell.

    O comitê foi convocado pelo governo britânico após a publicação do livro Animal Machines de Ruth Harrison, em 1964, que relatava as práticas intensivas de pecuária e avicultura da época.

    Os relatos geraram incômodo na população, que exigiu medidas para a redução do sofrimento dos animais criados para consumo. Então, no comitê foram definidas as cinco liberdades:
·         Estar livre de fome e sede;
·         Estar livre de desconforto;
·         Estar livre de doença e injúria;
·         Ter a liberdade para expressar os comportamentos naturais da espécie;
·         Estar livre de medo e estresse.
    Com base nas cinco liberdades, diversos estudos foram feitos para melhorar a situação e a vida dos animais criados em cativeiro para consumo humano, o que levou à estudos para melhorar as condições de vida de quaisquer animais cativos.
     Mas por que isso é importante?
    Em ambiente natural os animais buscam a própria comida e se comunicam e interagem com diversos outros animais. Um ambiente sem desafios ou distrações pode entediá-los.
    O tédio pode levar esses animais a reproduzirem comportamentos vocais ou motores repetitivos, que não condizem com o ambiente e o momento em que se encontram.
Esses comportamentos são denominados estereotipias.


    Além disso, os animais podem desenvolver uma maior agressividade, devido a alguma frustração ou desconforto, o que pode resultar em canibalismo, agressão aos semelhantes ou autoagressão. Também pode ocorrer atrofia muscular devido à falta de estímulos.


    Os enriquecimentos ambientais visam estimular os comportamentos naturais dos animais. Eles devem ser adaptados para cada espécie e suas necessidades.

    De acordo com o site do Zoológico de São Paulo, o enriquecimento ambiental pode ser dividido em cinco grandes grupos: físico, sensorial, cognitivo, social e alimentar.

Físico

    O enriquecimento físico diz respeito ao ambiente em que o animal se encontra. O recinto do animal deve ser semelhante ao ambiente natural onde ele vive. Isso significa que o animal dever ter, no local onde fica a maior parte do tempo, diferentes tipos de substrato para ter contato, além de desafios que vão trabalhar suas habilidades físicas.

    Esse tipo de enriquecimento pode ser visto nos recintos dos animais no Jardim Zoológico de Belo Horizonte, sendo bem mais perceptível no recinto dos gorilas e dos chimpanzés.


    No enriquecimento ambiental do tipo físico também são adicionados brinquedos para os animais, como por exemplo, essa bola pendurada por uma corda em seu recinto.


Sensorial

    O enriquecimento sensorial trabalha de forma ampla os cinco sentidos do animal.
    Podem ser utilizados cheiros que remetem ao ambiente natural, como plantas e ervas, o odor de outros animais e até seus excrementos, para enriquecer o ambiente.
    Existem também os enriquecimentos visuais, que podem estimular um comportamento natural do animal, quando esse se encontra na natureza.


    Também tem a parte auditiva, em que são utilizadas vocalizações de espécies variadas, que o animal ouviria, caso ele estivesse na natureza. Um exemplo desse tipo de enriquecimento foi apresentado no documentário "O Zoológico", que mostra a recuperação de uma flamingo fêmea que teve que passar por uma cirurgia na perna.
    Para que ela não se sentisse sozinha durante a recuperação, os tratadores colocaram um espelho na sala onde ela ficaria e o sons de outros flamingos, pois assim ela se sentiria acompanhada, uma vez que flamingos são animais sociais e podem se deprimir caso fiquem muito tempo sozinhos.

Cognitivo

    Os enriquecimentos cognitivos, ou ocupacionais, são instrumentos criados com o objetivo de servirem como quebra-cabeças para que os animais melhorem suas habilidades de resolver problemas.
    Eles costumam ser utilizados com o enriquecimento alimentar, para que os animais tenham um desafio ao conseguir o próprio alimento, como vocês verão nas imagens abaixo.


Alimentar

    O enriquecimento alimentar tem a ver com tudo aquilo que o animal come.
    Na natureza os animais tendem a comer aquilo que encontram a sua disposição no ambiente, diferentemente de quando esses são cativos, onde lhes são dado tudo o que sua dieta permite.
    Como forma de enriquecer ainda mais o conhecimento desses animais sobre aquilo que podem comer, esses alimentos podem ser apresentados de diferentes formas, como por exemplo, congelados.


Social

    O enriquecimento social trabalha com a socialização dos animais.
    Esse enriquecimento pode ser de animais da mesma espécie no mesmo recinto, formando uma pequena população, mas também pode ser entre animais de diferentes espécies, no mesmo recinto, que costumam viver no mesmo território na natureza, em caso de convivência pacífica.



    Como foi dito anteriormente, os enriquecimentos existem para melhorar as condições de vida dos animais cativos, e garantir que eles viverão da forma mais próxima possível de como viveriam na natureza.
    Percebe-se, assim, importância dos variados tipos de enriquecimento na vida de animais cativos, pois os enriquecimentos garantem uma vida mais saudável, em que esses animais podem exercitar seu corpo e mente diariamente, como fariam caso estivessem soltos na natureza, podendo expressar seus comportamentos naturais.

Referências:
  • CONHEÇA as cinco liberdades dos animais. Disponível em: https://certifiedhumanebrasil.org/conheca-as-cinco-liberdades-dos-animais/. Acesso em: 4 ago. 2020.
  • CONKLIN, Tina. The Five Freedoms: A history lesson in animal care and welfare. 2019. Disponível em: https://www.canr.msu.edu/news/an_animal_welfare_history_lesson_on_the_five_freedoms. Acesso em: 5 ago. 2020.
  • GARCIA, Liane Cristina Ferez; BERNAL, Francisco Ernesto Moreno. Enriquecimento ambiental e bem-estar de animais de zoológicos. Ciência Animal, Fortaleza, v. 25, n. 1, p. 46-52, jun. 2015. Disponível em: http://www.uece.br/cienciaanimal/dmdocuments/palestra04_p46_52.pdf. Acesso em: 04 ago. 2020.
  • MILITÃO, Cristiana. Enriquecimento ambiental.2008. Escola Profissional Agrícola Conde São Bento - Santo Cirso. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5226043/mod_folder/content/0/enriquecimento%20ambiental.pdf?forcedownload=1. Acesso em: 05 ago. 2020.
  • PEREIRA, Lilian Barbosa; ALMEIDA, Alexsandra Roberta Vicente de; SOARES, Anísio Francisco. ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL PARA ANIMAIS QUE VIVEM EM CATIVEIROS. Disponível em: http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/R0763-2.pdf. Acesso em: 04 ago. 2020.
  • TIPOS DE ENRIQUECIMENTO. Disponível em: http://www.zoologico.com.br/a-fundacao/zoologico/peca/tipos-de-enriquecimento/. Acesso em: 4 ago. 2020.

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